dimanche 31 octobre 2010

Amor sem Depois


Chove.
Gotas espalham pensamentos, cílios, palavras
Hoje, aos 80 anos, é o casamento da minha neta.
Ela, olhos-girassol, toca o que o mundo guarda de laranja.


Num dia, seu olhar engoliu um inteiro Sol,
Era tanta luz, que meu saber de pupilas sabia, ali, havia Amor.
Foi por um menino muito tímido, ela me contou, que sentava no fundo da sala de aula e gostava de desenhar, inclusive com seus pensamentos, em madrugadas de vôo e num mundo outro, debaixo do lençol.


Sorri, era o destino que não vivemos, guardado no tempo,
que , finalmente, encontrou outro Amor,
e, nele, vive nosso depois, inexistente.


Ainda sinto sua falta,descobri,
das tuas rosas, que por ai, dançavam e, de repente, brotavam, por dentro.


Espalho no chão fotografias:
Viagem da praia,
lembra?


Fixo meus olhos no teu rosto e teu corpo se mexe, subitamente, pela areia branca.
Pisco,
E o vento da praia invade o cômodo,
me arrasta do corpo.


Por dentro da foto,
ao teu lado,
Acordo.






Juliana Gelmini

samedi 30 octobre 2010

contra-mão






Lembrei de ti,
de quando "andava de patins na contra mão"
no chão engravatado com velocidade a jato,
eu sei,é difícil.

As vezes, acordo assim, no teu corpo, aí, danço, ver de verde, Ah é, aprendi a dançar, inclusive quando o canto é expectativa, ônibus lotado, ansiedade,  bomba nuclear, o desequilíbrio e sua busca de cais, o Amor que se espalha, ou a Ventania,  que a Vida, quando é viva,  nos entrega. Prefiro a aspirar calmaria tom pastel.
O querer deseja a vida amanhecida de vermelho.


Juliana


Ím-Par

Ímpar:
guarda na sílaba
sua busca maior.
Ali, um Cais,
Será?


Par,
ímpeto,
Peito feito
Pupila dilatada:
Luz,
Canto,


O Amor se espalha:
flor que guarda Sol
FLOR que acorda Sol



Juliana

lundi 18 octobre 2010

Acrobatas

Acrobatas
Suspensos no ar
um fio de prata
os une,
fusão


Manhãs
Plural,
de dois.


Será o momento
do salto
sem redes de proteção?


Abraço do tempo
dobras de tecido
mutua entrega
pura
sagrada


o mundo se espanta,
canto em lá maior,


nossos fios, elo


Comunhão entre:
Vida,
Destino,
e Amor.












Orvalho:


Gota
de plena alma


Dança
a letra da página


Gota
de orvalho
espelha nos olhos
manhãs




Juliana

Flor que acorda Sol

Juliana

Flor que guarda Sol



Juliana ^ ^

Guarda-chuva



De repente, se abre e espicha.
Com chuva, canta: uma gota se lança, plim!
Outra gota acrobata salta, escorre em seu corpo
e se espalha num transparente borrão que o chão  acolhe na palma da mão, pequena poça.


A chuva cansa.
O guarda-chuva,então, se encolhe, novamente, criança e espera o tempo das gotas no seu corpo metal- pano.


A madrugada, certa vez, despertou meu guarda-chuva:


- Duvido! - declarou meu guardador de chuva.


Tremi, sem encarar seus olhos redondos.


- Duvida?? - insistiu em tom rouco


- Do que??- respondi ainda com sono.


- Duvida que... fechado, sou infância, e encolhido fico eu e meu corpo até que,  em dias chuvosos, o tempo me abra em outro... Assim, quando quero, sou criança e, quando enjôo, chuvisco, e aberto, já adulto, espreguiço.

Sorri,
"Um dia,quero acordar, assim, guarda-chuva."
E olhando seus olhos de pano, arrisquei:


 - Me ensina?!




Juliana Gelmini