samedi 16 avril 2011

fios de tinta


   "Sonhos
Sonhos
  Sonhos
                       Sonhos
  Sonhos
  vou morrer de sonhos."
 Palavras de Frida Kahlo  (Diário de Frida Kahlo)

 Pintura de Juliana Gelmini

mercredi 13 avril 2011

Barbatana

* inspirado no conto Minsk de Graciliano Ramos




Barbatana

Eu tenho um peixe de escamas de Sol e com barbatanas que brilham como se fosse elétrico. Barbatana, nome comprido como ele, é espichado- espichado, parece até pôr do sol deitado em cima da tarde, mas é duro, de plástico laranja e uns olhos esbugalhados que nunca deram medo e, um dia, juro, já até vi piscar! Meu peixe de sol não nada, só desliza em pequenas rodinhas pela rua, pedindo areia de mar. Onde Barbatana passa, se juntam bichos de todo o mundo, até de filmes, foi assim que dançamos com os pingüins da moça que voa com um guarda-chuva. Numa cordinha, arrasto barbatana , parece sempre que vai se soltar,então, conversei com a corda para que não desistisse de ser corda logo no agora que Barbatana estava comigo! Ela, meio contrariada, entendeu, também amava Barbatana, e o segurou o mais firme possível. Barbatana,sempre insistia o mesmo pedido, queria ir à praia, e no lá onde a areia e a água se espalham, nadar. Assim, eu o levava, até que num confuso quando, me perdi dele. Descobri Barbatana na multidão de crianças que abraçavam meu peixe e, com ele, corriam para o mar. Minhas pernas empurraram o medo, seguindo Barbatana, ao fundo, me joguei no tom laranja que iluminava o oceano. As crianças surdas do meu desespero, arrastavam meu peixe no longe, precisava dele, as escamas de Sol, meus pés afundavam moles na água, talvez, o fundo tivesse sumido no espanto do nunca mais. Debaixo d’água, abri os olhos, flutuava em escamas, a luz derretida no azul, azul ... palavra que me abraçou toda, nos seus braços que pareciam mais cadeira de balanço da vovó, com o azul me apertando, apertando... De repente, a espera me arrancou daquela cor, desembolando os fios de tinta e à superfície d’água me entregou. Acordei sob uma jangada de escama- laranja , pôr do sol deitado na tarde que, ao anoitecer, desgrudado do horizonte, se soltou ao ar, assim, Barbatana asas de escamas, espichadas-espichadas, ao voar, se estendeu sobre o mundo, abraço de sonho.


Nas palavras Juliana Gelmini
coautor: Barbatana

dimanche 3 avril 2011

Aquarelável Destino




(Dentro do Sonho,
pequenas bandeiras,
enfeitam a espera.)

Dentro da casa que vive no sonho,
Abro a janela,
Chove,
fios de tinta,
imprevisível lira,

Aquarelável Destino.




Nas palavras: o Destino, a Casa e o Sonho