vendredi 24 janvier 2014

órbita

os aeroportos sabem ,
as formigas também,
Encontrei o alguém
(do Sonho)
as palavras embolaram entre meus medos,
 mas ele sorriu, não correu de desespero,
a espera estalou dentro dos sonhos
o querer que eu seja dele,
até os besouros sabiam,
naquele dia,
o amor se abria...




anestesia

anestesia
a antiga agonia,
esfria.

a razão costura
os fios retos
entre teus restos




(quem serei eu ao despertar do outro dia?)

jeudi 23 janvier 2014

Caos



[Teu dedo me perfurou,
girou azuis...]



Talvez, você não saiba
[a porra do caos!]
o teu abrir em mim,
machucou

Dormente no ainda,
petrificada da certeza
do Nunca

a certeza silenciada,
violenta e cega,
[nos] seca.

sal


o corpo acorda mineral
o sonho se embrutece
na dureza do sal.



certeza


a gota d'água desaba teu rosto na fotografia.


desvio



o amor esticou a paciência
não era ciência,
Bergson,
razão,
talvez, você não compreenda


 espio meus tortos,
tanta curva e arrepio
não conseguiria caber
num coração tão medido,


o caminho se desvia,
meus vermelhos riscam
outros sonhos longínquos,
despida de ti,
sigo.






águo

O escuro encosta
líquido,
(me) entorna.

dimanche 12 janvier 2014

Poeira


Entre os cílios que se abrem,lentamente, pequenos botões amarelos, múltiplos sóis a me amanhecer. Como faria com tanta fagulha de vida a espetar a alma, abrir cada mágoa a ser perdão? Tuas palavras me giravam em luz, tuas palavras de amor espalhadas pela cidade, tocavam uma melodia que desabrochava o chão.

[Por muito tempo busquei um quê de vento no girassol, busquei o girar no girassol, o sol no girassol. Hoje, quero o girassol no girassol, a anti-metáfora, o mundo simples.]

vendredi 3 janvier 2014

Cartas guardadas


Desculpa "colocar uma expressão de infinito", como diria o Van Gogh, na nossa história. Você sabe que sou sonhadora e desato amarras que prendam meu corpo na matéria, flutuo sobre o que não existe, com as janelas invadidas de pássaros, teus. Eu queria gostar menos de você, mas demoro, descobri que também sou paquidérmica! Só que para deixar de amar pessoas, será isso possível? não, o que deve acontecer é como alquimia, me misturo de outras ruas, outros passos, outras nuvens e os teus sons abafados pelas invenções de outros sonhos, podem assim desafinar dentro de minhas cordas, só que ainda estão lá, mesmo desafinados, ainda me tocam. E se é tão difícil, para que esquecer? as águas, ainda que, às vezes, violentas, me revigoram, no sentimento que pulsa dessas águas ainda agitadas (mas verdadeiras), consigo me ver pedaço por pedaço espalhada na espuma e, quando me abraça com alguma palavra de carinho,as águas,enfim, se acalmam e me vejo inteira...



[Este é o primeiro dia que não nos falamos depois de te encontrar dentro de mim, fecho os cílios que desaguam, os ventos se dobram em infinitos véus que te cubro, não quero mais a nitidez do teu corpo na memória, quero Lethes, afundar nas águas do esquecimento. Busquei os alicerces do amor espiritual e da doação que são verdadeiros, mas, ao final do dia, minha solidão encara tua saudade e a certeza que eu sabia que seria assim.]