mercredi 18 janvier 2023

ensaios do pensamento I

visito uma cidade/ submersa/ me olho / no espelho / d'água / e vejo / a tua imagem / uma folha cai / da árvore / e teu rosto / me escapa / me olho de novo / espero te ver / mas o que espelho?

mardi 8 septembre 2020

mardi 28 avril 2020

linha de arrebentação


lembro daquela conversa
sobre operar o coração e
a necessidade de serrar os ossos
Penso em fraturas, talvez
penso que penso nisso
quando, submersa,
fecho os olhos e te vejo,
sinto sede, salgo-me
na linha de arrebentação
amor


28/04/2020, anotações da agenda

jeudi 23 avril 2020

vigília

a vela acesa
chora silenciosa
lágrima a lágrima
desfeita a cera
do próprio corpo
preso à força
na dupla chama
desejo do fogo
ápice do gozo

Mirante


troco de pele
ao toque teu
descamo em
câmera lenta
no mirante
foco
teu rosto
cílios longos
olhos castanhos
barba fios brancos
o suor desliza
nossos corpos
em mar alto
sentados
na mureta de pedras ancestrais
da mesma praia quase branca
da memória
da nossa infância
enquanto o querer
balbucia
uma nova língua
do nosso encontro

(28/01/20)

lundi 18 novembre 2019

Fuga

A presa
apressa
a defesa:
desarma
os alarmes
de amar
a arte de
esquivar-se
nas esquinas
das escritas
[enquanto
o desejo
no teu cheiro
cavalga]

lundi 21 octobre 2019

mercredi 16 octobre 2019

após o naufrágio,
meu corpo trôpego
se agarra
ao que flutua
às águas
às ripas de madeira,
às lascas das palavras,
as farpas entre os dedos,
vestígios do sonho.

dimanche 8 septembre 2019

Assino todos os dias meu nome sem borrar as pautas, as linhas.
Falta pouco, meu bem, vou embora
pro primeiro capítulo,
outra narradora a partir das três horas,
a partir do Natal, a partir
aceno do avião, dentro do cartão postal
meu quarto vazio
pra você
gritar
à vontade, meu amor.

vendredi 26 juillet 2019


estou
na tarde eterna
do nosso beijo,
o primeiro,
ardo ainda
sol vermelho,
dupla chama:
amor, desejo.


dimanche 19 mai 2019

Corda bamba 2

Cena de filme:
suicídio com  corda na árvore.

Precisa-se de cordas fortes,
ainda que velhas, para 
árvores inquebrantáveis

Corda bamba 1





É sempre mais difícil
ancorar um navio no espaço
(Ana C.)

mercredi 15 mai 2019

março, 2019

Adamastor me nina, enquanto você, em outra cidade, caminha pensando na conta que vence hoje. Cidades díspares.

(Bagagem pronta no pequeno barco de papel.
Parto, ao longe, suas cores borram o horizonte)

Biografia de maio, 2017

Hoje é o último dia de maio. Na rua, peneiram algo, barulho maquinal, deve ser engrenagem do tempo. Lembro daquela escultura do novo realismo feita de vários relógios marcando horas diferentes. Junho espreita como se eu fosse sua presa. O carro dobra o final da rua, sobreposição de sons. Sinto sono, adormeço como as crianças que giram entre espantos. Troco de corpo no casulo invisível.


II
Último dia de maio. 
Na rua, peneiram algo,
barulho maquinal, 
deve ser engrenagem do tempo.
 Lembro daquela escultura 
do novo realismo
vários relógios 
marcam horas diferentes.
Junho espreita como se eu fosse sua presa. 
O carro dobra o final da rua, 
sobreposição de sons. 
Sinto sono,
adormeço como as crianças 
a girar entre espantos. 
Troco de corpo no casulo invisível.

L'oubli



l'oubli
(o esquecimento)



vendredi 12 avril 2019

Na terceira margem do rio





fios,
turvos
rios

(versos do meu livro Insólito Sólido)

***

Experiência fotográfica para ilustrar a terceira margem do rio

mardi 26 mars 2019

Vestido de noiva
amarelado
puído amargo
feito meu corpo
silenciado
casa de cupim

samedi 29 septembre 2018

Vídeopoema

Dentro da casa que vive no sonho...



Trecho do meu livro de estreia, Insólito Sólido, publicado pela Editora Patuá, 2017.



A história do aquário




Há algum tempo tenho notado
neste aquário
cartilagens de tubarão
demoro muito para reconhecer
Faz de conta que é mar
e o oxigênio não falta,
mas a pintura descascada do coral
mente
Lembro dos cavalos-marinhos
o macho-grávido
o nascer transparente das manadas levadas
pelas correntes
minhas brânquias brancas incham de ar

Há algum tempo tenho notado
neste aquário
ossos de baleia,
dentro dela, Pinóquio em ócio finge
olhos de madeira
mas faz de conta que é mar
e o oxigênio não falta,
mas há mais de um ano
um casco boia, a tartaruga morta,
e o cheiro o cheiro o cheiro
repete dia a dia
como um pedido de alerta
nado pouco.

sem escamas
os cardumes de plástico
em nado sincronizado fingem:
o aquário é mar

hoje, vieram me buscar
cardumes prateados
pela edição filmada
do escafandrista das bolhas de ar.

O escafandrista esquece também as bolhas
um dia antes de alguma coisa
não consigo me lembrar

Respiro pouco,
as brânquias secam,
tento de novo,
faz de conta que é mar
e, dessa vez, sem respirar,
acredito:
mar.




(palavras e aquarela, jan. 2018)









Mar vermelho

O peixe impensado, fugidio, esquivo, de olhar esbugalhado que não quero encarar. Olho-o, enfim, atentamente, em meio à noite do mar. Ele, agora imóvel. Eu, em fragmentos vários, saltantes, espelhos em pedaços. O peixe iluminado visto pelo vidro lascado me escapa mais, é apenas um lastro. O choro é inútil no mar. E o peixe, e o peixe e o peixe volta à mente, o peixe entre meus olhos, escamas em minha pele, exalo a mar... mas um mar escuro, escuro, escuro e em febre. Mar-lava. Só existe meu peixe. Nado pouco, respiro pouco. É um estar em morte amar.  Invento um peixe precioso. E algo se aproxima, de súbito, do meu corpo, no fundo do mar. Giros, as escamas rondam. Penso em meu peixe. "É você?". E o mar se agita. Surge, então, uma cauda imensa. E me deixo atravessar. Ela rápida me afunda, afunda, afunda... rumo à região abissal. A ronda continua durante dias, incansável. Mas, de repente, meu cheiro de amor o enjoa, o bicho se torna feroz. Me lanha, fere, sangra. O mar se faz lento, lento, lento e pesado. Pelo escuro embaçado, penso, às vezes, ver meu peixe prateado, mas meus olhos logo aprendem a no escuro enxergar. E seu contorno estranho se refaz. Ao meu redor, um monstro do mar a tombar, a tombar, a tombar sob meu corpo de areia. Mar vermelho.


(27 de set.)

samedi 11 mars 2017

Ciúme caligráfico

Ensaio a cena
beijo de papel

Mas você me arranca,
rápido, do quadro,
risca a tinta
me borra
grita

Rio alto
abro calmo
meu caderno,
palco-cena

Escolho o rosto
E salto

mardi 7 mars 2017

Roteiros, roteiros, roteiros...


3 de fevereiro, noite

Monstros marinhos, desvio.
Festa na vila antiga
pintada à canetinha 
um vapor místico:
centro da praça.

 A multidão agitada.
Augusto me escapa.
A cigana me encara.
"Escolha o seu cristal, criança. Sente aqui.",
Caixas de feira, o banco e a mesa. 
Tenho agora uma família de três cabeças.
"Azurita. Abalone. Haulita. Malaquita. Turmalina", 
a maga dizia, eu repetia, de forma instintiva.

"Escolha seu cristal, criança.", a cena se repetia.
Na porta, Augusto fuma.
"Quantas noites a noite tem?"
Minhas mãos pensam o cristal. Ele levita. 
A cigana enseria "você é uma de nós.", não lembro mais.

Olho rápido o cenário atrás...
A praça tomada de mulheres-bruxas presas
prestes a queimar.  Breu
Augusto em surto, outra vez.

 Uma voz delas canta "Juliana"
 Aquela voz ímã, vinha, vinha, repetia. 
 Apenas eu ouvia. Faísca.
Os monstros marinhos riam
a balançar seus rabos tatuados.

Augusto me escapa mais.
 Incêndio na casa da infância
"Falta pouco para eu nascer?"
A tinta vaza. Aqui, papel de mim.

Enquanto os monstros marinhos diziam 
vontade de tirar fotos.





vendredi 24 février 2017

Em breve, Insólito Sólido, pela Editora Patuá




Em breve, meu primeiro livro "Insólito Sólido", pela editora Patuá
com aquarelas internas da autora

Orelha de Antônio Carlos Secchin, meu professor-escritor e amigo
Foto da autora: ilustração de Arnaldo de Pádua

Capa: pintura a óleo da autora
com proposta de diagramação de Lucca Tartaglia e da editora


Estão todos convidados para o lançamento!



Link no facebook: https://www.facebook.com/209236749089141/photos/a.537373086275504.132239.209236749089141/1499392080073595/?type=3&theater

mercredi 21 décembre 2016

cordão umbilical

Cordão umbilical
passa o sangue
artérias e veias
e voltas
-geleia de Wharton-
circulação sistema
vasos na placenta,
dentro do antes,
útero, saco vitelino,
agora, umbilical
as artérias atiram
excretas e sangue
desoxigenado
o fluxo contínuo
o bebê gira líquido
amniótico,tonto nó
quase e se e nasce,
nasce,
nasce,
nasce
e o cordão comprido
cresce
cresce
cresce
infinito do umbigo
bem inserido:
centro do traumatismo.

Oxigênio crônico
respiro delírio,
sintoma positivo,
oxigênio familiar:
gene em curto,
teia genética,
excesso de dopamina
dopada cisão do real
convulsão paranoide
a hipótese medicinal

o cordão sem corte
serpente em psicose
carnívora envolve
sem mastigar filhos
em gritos, ar esquizo:
Augusto em surto

*

Há um boi morto
debaixo do mar
parece apenas
pedra tombada
mas fede
mas as moscas
mas o sangue
passa
esquizofrênico

As artérias atiram
mas


mercredi 2 novembre 2016

Linha Vermelha

A Cidade Nova, às quase vinte horas, queimava esperas. As pessoas se amontoavam, amontoavam, a calçada encolhida no cinza, é assim que a ansiedade escreve? Algumas moedas na bolsa velha, entre garrafa d'água e a carteira, me fazem musical, oscilo de um lado para o fundo dos degraus da escada desta estação do quase nada,  formas do início ou breu, você na Central.

Consegui pegar o Bancários
linha vermelha
Seu irmão melhorou?

Eu vou descer na Cidade Nova
daqui a pouco
Melhorou

Poxa
Cidade Nova você podia pegar o
321
Só me esperar

É? Já passou?

Falta pouco
Estou chegando Central

Está cheio?

Tem lugar ao meu lado
Estou logo atrás da roleta

Qual?

Bancários
321
Estou atrás da roleta mochila
na frente da grande barba
Torcendo para te ver
Estou depois Central


Avisto o 321- Bancários, passo a roleta, testo rostos na memória para ver se algum encaixa no  esboço teu. Na poltrona atrás da roleta, não há mochila ou tua grande barba. Faço sinal para descer, emergência, a sirene toca agulhangustia. Ônibus trocados, caminhos bifurcados.

Cadê você?
Entrei

Ih, já era
Entrou errado
Porque ainda não cheguei

Eu entrei no 321 Bancários
Vou descer

Te espero no ainda do último ponto, antes da linha vermelha, linha de sangue onde começa o amor, talvez. O escuro do instante brilha súbito, o incêndio na rua, no beco, no meio do agora. 321- Bancários, onde?

Chegou Cidade Nova
Estou mão pra fora
Mas onde você está?
Ele já vai virar
Fica de olho
Perto da polícia
Vai passar
Faz sinal

Estou no ponto

Você, Cidade Nova, diz acenar da janela; eu, Estação Oposta, verifico os ônibus às pressas. Nossa primeira fotografia sépia, futuro do pretérito. Seria

Os caminhos retos, sem conjunções.
A bateria do instante apagou o depois.




jeudi 13 octobre 2016

delírio do mar

você tinha razão
a canoa virou
pois deixaram ela virar...
Foi por causa desta casa
que não sabe ancorar
Ah, se eu fosse poeta
e soubesse encenar
eu curava o Augusto
do delírio de mar...

mercredi 12 octobre 2016

Augusgrafia


Augusto, a ficção não sabe nos fotografar.

 A angústia toca fora da
moldura
Teu vômito não suja
Teu pensar ancora
Edição: a ficção retoca
um dos planos (nossos)
de fundo posto em zoom
pelo pânico dos detalhes
problemas de tradução
domesticados pela ilusão
pinta-se o fundo todo de branco
papel de parede importado
somem as enormes caixas
de remédios em traje-preto



cafégrafia

Deixa as palavras para grisalhas

jeudi 28 juillet 2016

Sala de bolas

Uma sala de bolas, sem gravidade. Levitam e congelam no ar, miniaturas de um outro sistema solar, ainda não descoberto. Vejo teu rosto entre azuis, bolas leves, lentas, ovulam.  É verdade, Lygia, a Casa é Corpo.Estamos prontos para romper, para nascer, luz.

23 de maio

 Eu deveria estar dormindo. Deletei meu facebook por um dia, parece que nasci. Terminei o trabalho sobre a poética da Lygia Clark em meio a um ritual canibal, pedras, águas e conchas pelo corpo. Queria fazer todas aquelas experiências com meu corpo e o teu. Eu não te falei essa parte no telefone de ontem. Imagino tudo isso, todo dia. Imagino como seria você de barba. O telefone não tocou.  Fico lembrando de memórias que nunca existiram. Daquele tempo que você também me amou e fomos para Petrópolis. Mas não lembro mais teu nome e sobrenome. A rodoviária, vinho, Calzone. Você foi um sacana comigo. Confundo teu rosto no rosto do presente. Preciso cancelar tudo. Não tenho mais paciência. Corto uma fita de Moebius infinitamente em círculos, o papel nunca afina, nunca. Parece que a tesoura dobra e desdobra a minha vida. Curvo a minha vida de papel na mão. Não tenho mais paciência. Amasso tudo rápido e jogo o caminho fora. Ando mais silenciosa. Queria passar dias e dias só lendo, sem mais ninguém. Depois de um amor de uma década que morreu de nascer tanto, eu não posso mais acreditar que. Não quero flores, palavras ou bailes de papel, in box. Rasgo tudo que não me pareça real no real. E se o rasgo ainda estiver pouco, taco fogo no final. O ventilador tem um barulho que me recorda o mar. Fico pensando como seria morar com você, amar você. E sinto teu corpo, meu peito na tua mão, o lençol fora do lugar porque o desejo. O teu olhar de amor naquele dia cansado, depois do trabalho. Mudei de ideia. Talvez. Não sei. Não sei. E se eu morrer de novo, escrevo.

vendredi 22 juillet 2016

Esse eu ia jogar fora, mas guardei


Esse eu ia jogar fora, mas guardei

Pastel seco no papel craft
Tamanho A3

Ciranda ou azul que não seca

Ciranda ou Azul que não seca

Têmpera e Acrílica sobre tela preparada artesanalmente
Tamanho A3
Julho de 2016

Experimentação da aula de Pintura A
Professora Lourdes Barreto

jeudi 21 juillet 2016

Amnésia ou poema desmontado - proposta de ilustração participativa









Amnésia ou poema desmontado

Desmontei o texto Amnésia em versos escritos em triângulos pintados com aquarela abstrata. Com Nylon, pendurei os triângulos nesse suporte de tecido vermelho, não sei o nome desse tecido.  Você pode interagir com o poema desmontado de diversas maneiras: fechado, ao abri-lo, ao lê-lo ao acaso ou seguindo  a ordem aleatória dos triâgulos, ao pendurá-lo na parede ou outro local (também com diversas posições). 
Achei divertido! rs



Tarde no metrô


Aquarela
Tamanho A3

mercredi 20 juillet 2016

A contadora de histórias [novos retratos]


onde moram as palavras
[novos retratos]

Aquarela
criação livre

Diego presente!



Diego presente!
Tentei te desenhar, Diego, mas não consegui muito bem, mas foi bonito mesmo assim, senti suas asas...






vendredi 24 juin 2016

Mas antes os elefantes a dançar, a dançar, a dançar sobre meu corpo aberto






Mas antes os elefantes a dançar, a dançar, a dançar sobre meu corpo aberto.



[Primeira experimentação de tinta acrílica
Acrílica sobre papel couro preparado artesanalmente, composição com balão de látex (bolas de encher) - formato de livro- tamanho A2 - ilustração a partir do meu texto Outra vez]


Outra vez

A festa acabou. Espio tuas frestas no salão fantasmagórico. Uma bola de plástico colorido balança ao vento e estoura, pá! Pulo de dentro de mim e caio espalhada pelo chão vazio da festa, entre guardanapos sujos e pedaços de ilusões. Fico um tempo olhando para o lustre caleidoscópio de brilhos prateados, faço de conta que o lustre é lua. Depois, tombo os pensamentos para teu silêncio. Por quê? Por quê? Por quê? A festa acabou. Chegamos tarde, amor. Eu, enfeitada de flor, perfumada de espera, com um salto sem equilíbrio, com o coração convidado para o beijo teu, fico olhando as luzes refletidas no lustre, holofote da minha dor. Um brilho cai feito faca sobre meus olhos, parece barulho de porta que se fecha. Outro brilho cai feito arpão sobre meu peito, "da última vez que morri...", era esse o poema?, penso e uma lágrima seca. Um vento mais forte cobre o salão de marfim, o vazio parece feito de elefantes enormes e pesados a atravessar meu corpo e pensamentos. Eles riem "Como você pôde acreditar outra vez?", diz o elefante pisando sobre tuas mãos em meus cabelos. Eu,seca e partida, respiro aflita entre os elefantes, deitada no salão de festas vazio. De repente, pá! Outra bola estoura, mais parece tiro! "Dessa vez, precisa ser fatal", pensei. Mas não era, teu nome ainda estava em minha pele, um pouco esmaecido. Havia entornado café, chá, vinho, mas teu nome na minha boca vermelha vermelha ainda. Não um  ainda de às vezes entre véus, mas um ainda de mais vezes entre céus. De repente, a música rompe no salão, penso em me levantar, mas antes os elefantes a dançar, a dançar, a dançar sobre meu corpo aberto.

mardi 21 juin 2016

Dedicatórias - Entre nossos amigos Tempo e Destino...

Para a melhor
e mais linda amiga de
tooodo o mundo!
Que você consiga usufruir destes
contos de Adriana de uma forma bem
mupestre e tenha muito prazer em trabalhar
com os nossos amigos Destino e principalmente
com o Tempo!

Ano que vem teremos muito sucesso na
Iniciação Científica porque temos paixão pelo que estuda-
mos. Mas isso só foi possível porque além de termos
uma amizade como nunca tive na minha vida, a Adriana
consegue penetrar em nossas vidas como poucos escritores
conseguem! Se eu pudesse, pediria um autógrafo dela,
mas o Temporus Faltandus me atacou (pra variar rs)!

Nunca se esqueça que o cabelo cresce!

Um duente azul, uma flor-de-liz!

Te amo!
da sempre irmã,
Isabela



Livro: FALCÃO, Adriana. O homem que só tinha certezas e outras crônicas. São Paulo: Planeta. 2006.

Data: acho que dezembro de 2010


Um orvalho de amor  na minha memória!



Dedicatórias - Era uma vez uma flor lilás...

Ju,
o livro foi da
Regina que, por algum motivo desconhecido,
deixou-o com alguém que passou para outro
que vendeu para mim numa banca no largo
da Carioca.
E agora ele é seu!
Espero que, de alguma forma,
esta história encante seu coração como
encantou o meu quando eu era adolescente.

Já somos crescidas, mas o coração comporta
todas as idades ao mesmo tempo, é por isso que
é com ele que lemos.
Como nas histórias que já li, você
foi a personagem importante, marcante no romance
que é a vida.

Era uma vez uma flor lilás que
encantou minha travessia, tornando o
caminho mais alegre. Se "viver é muito
perigoso", como diz o Rosa, que suas palavras doces
me deem coragem para seguir adiante.
Obrigada por fazer parte da minha vida!
Beijos, flores e boa leitura!

Laís Naufel

Inverno, 2015

[para dar sorte]



Livro: MACHADO, Ana Maria. Alice e Ulisses. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.



Uma concha do mar [que sonha] na minha memória!

Cartografias do inconsciente

Cartografias do inconsciente 

À direita, um coelho sábio que fala com um machucado na cabeça, mas ao final do corredor vira uma cobra. Ao centro, um crocodilo gigante na sala da antiga casa. À esquerda, Ulisses, um cachorro intelectual que, após devorar um caderno sobre Nietzsche, nos explica coisas inteligentíssimas para, segundo meu pai, três ou cinco elefantes marinhos. Acima, uma menina que cai do céu e abre o ventre, ao final da dobra, outra dobra dobra.


samedi 18 juin 2016

Livro novo

Livro novo

Encontrei um livro novo hoje. Sem título ainda. Estava empilhado no meio da biblioteca, terceira fileira, poesia brasileira. Decidi levá-lo comigo para casa. Já no caminho, na noite recém-nascida, a rua deserta, abri ao acaso e fui lendo e andando ao mesmo tempo. Viro a página. E o livro me faz uma mímica. Não adivinho. Dou uma gargalhada. Ele também ri. Era um poema escondido que fugiu para o epílogo. Mas deixou um cheiro de junho. Fechei o livro de pirraça e fiquei olhando a capa, parados no portão de casa. Ai, livro novo, você lembra tanto um livro velhinho meu, um livro que perdi, rasguei sem querer a lombada, joguei água, manchei de tinta. Mas teu rosto,livro novo, é ainda calmo sem título, novo com cheiro de antigo, um cheiro que tinha perdido. De capítulo em branco.



mercredi 15 juin 2016

Amnésia

Minha alergia voltou. O coração da palavra trem é grande e silencioso. Cabe em qualquer lugar. O coração da libélula é parado e pequeno, não muda de cor quando se desespera. Fico pensando essas coisas que não me levam a nada. Não sei quando dormi ontem. Esqueci todas as luzes acesas sobre um nome que não consigo me lembrar. Quem é você? Esse rosto meio apagado no porta-retrato da memória. Parece que fez frio. De quem são essas palavras que sangram meu corpo?  Preciso tomar banho. Limpar palavras desconhecidas que pesam. Algumas agarradas no meu cabelo são histéricas. Sussurram coisas que nunca vivi. Que tatuagem é essa em minha pele? De quem são essas memórias que dormem em minha casa? Devo acordá-las? Que dia estranho. Eu não sei do que elas falam. Qual será o solvente das palavras que mentem? As garras das palavras abrem a antiga cicatriz. Quem são vocês? O que fazem aqui? Parece que esqueceram uma foto 3x4 ao meu lado.  Atrás, um número de telefone anotado. Faltei o trabalho hoje. O café esfriou. Pela janela, dentro da garrafa de vidro, os carros se empilham. Dentro da foto, a tatuagem de dragão acordou, incendeia o desconhecido rosto. Faíscas no baile de papel. Penduro minha pele para secar do amor. O incêndio dentro do retrato a incendiar meu quarto.  O coração da palavra osso é fundo e treme pouco, mesmo no frio.

samedi 11 juin 2016

11 de junho

 Acordei cedo hoje e sem despertador. Pensei em te escrever, mas tomei café. Preciso comprar pão e queijo. Lembrei da música do filme Moscou, de Eduardo Coutinho. Era bonita. Nunca imaginei que aquela música fosse escuridão entre pequenas luzes de isqueiros, duas vozes ao fundo. Cantei sozinha, na cozinha, a xícara de leite, entre as mãos um frio. Confundo o frio com tua lambida no pescoço, mas não tremo como na memória. Penso em tudo que preciso fazer nesta semana. Deito de novo. Penso em te escrever, mas leio um poema da Ana C. Ela me conta "imagino como seria te amar". Penso em te escrever, mas viro a página. Estou realmente cansada de morrer. É cansativo morrer, outra vez. Deveria ser agora a fase de começar a achar graça de tudo. Mas não acho. Decido me levantar. O lençol revirado, uma meia perdida atrás da cama, junto com uma caneta que falha. A boca seca.  Esqueci as luzes da casa todas acesas em cima do teu nome. Abro na página do poema em gota d'água. Ana diz assim "Cada noite que desce sôbre uma espera vã traz-me à bôca um gôsto de vinagre". A culpa foi minha. Acentuei mal nosso amor. Sôbre , bôca e gôsto em circunflexo ficam à moda antiga, como eu sou. Não te expliquei essa parte. Os cachorros da rua parecem mais quietos hoje. O vento gelado toca meu seio. Tiro o casaco. Meu corpo não te lembra. Meu corpo não mais te lembra. Penso na pele como a parte mais profunda. Aula de filosofia. Conversas dos almoços de terça feira.  Acho que vou andar de bicicleta. Sonhei com meu ex hoje. Preciso comprar contact para encapar os livros. Tenho vontade de jogar fora todos os quadros que pinto. Vou desistir de tudo. A vida sem facebook parece maior. É como andar no centro da cidade interditado e sem obras. Os prédios altos tombam de silêncio entre meu corpo pequeno. Fico parada nessa imagem como uma fotografia. Preciso confessar-me, mas não neste silêncio de cidade grande vazia. Não queria esquecer seu rosto. Preciso marcar o alergista.  Para onde foram todos que nunca estiveram em minha vida? Acho que sempre morei sozinha.


[Meu corpo quente e amolecido, febril, os olhos pesam,uma flauta toca, algo aperta meu coração, não deveria, as palavras se embaralham lentas em minha mente como se nadássemos num imenso aquário, eu e as palavras, e lembro daquela brincadeira da infância de ficar debaixo d'água até quando aguentar o fôlego. Eu sempre perdia e a superfície me erguia com suas mãos fortes e violetas, o ar voltava ao corpo enfim. Mas um dia, um dia, eu lembro, não conta pra ninguém? Eu tinha dez anos, estava sozinha no azul da piscina da minha avó quando o Destino surgiu. Brinquei com o Destino de ver quem tinha mais fôlego debaixo d'água, e ficamos um olhando pra dentro do olho do outro entre águas. Destino se fantasiava de peixe com asas,depois mudava para balão de fala,   eu ria, mas outra vez me concentrava. É que a nossa brincadeira era  diferente, a brincadeira da gente era: se eu perdesse o fôlego, era ele quem me levaria em seus braços longos, não  para a superfície, mas para a profundidade azul. 55, 56, 57, 58, 59 ,as bolhas aflitas surgiram de minha boca, as mãos da superfície me erguiam, mas as do Destino me puxavam pro fundo...]

vendredi 3 juin 2016

A descoberta do mundo ou Nossa última memória


A descoberta do mundo ou Nossa última memória


Primeira aula de pintura a óleo (Experimentação)

óleo sobre a tela (com espátula) - 03/06/16





Novelo

[Queria te contar uma história antes, é breve. Foi uma história de hoje, inclusive. Fora do livro. Tem a ver com folhas secas e borboletas pintadas nelas. O trabalho da Ana é esse. A Ana, você não vai saber quem é, mas basta fechar os olhos e imaginar barulho de folha seca quando a gente pisa. Essa é a Ana. Agora que você conhece a Ana, posso continuar a história . A Ana pinta borboletas em folhas secas. Perguntei se as folhas não iam apodrecer. Ela me disse que iam, claro que iam. Era essa a ideia. A história acaba assim. Elas iam apodrecer, mas era essa a ideia, aceitar que as coisas findam.]


Parece que acabo de dormir dentro de uma saia rodada, tudo gira pastel, está assim como um sol em pó amassado por algo árido próprio do tempo. Há uma melodia esquecida de seu nome, mas que toca incessantemente dentro de mim, entre um vento e um lilás que toca o que é morto, a minha volta me movo. Há flores secas [daquelas passagens antigas da infância] entre nossos dedos nus que se descobrem em silêncio, na linha destas folhas, olho para não vê-las, como elas "avoam" dos meus olhos como se, subitamente, descobrissem a vocação para libélulas, pombas, açúcar que brilha  longe do teu céu da boca, choro, não há mais a esperança antiga, afundei... Mundo, tenho descoberto suas dores. Como posso continuar? Lembro do mar, da imensidão desta infância, cantava pro azul, era belo acreditar na mágica,  sinto medo, me obrigam a endurecer como se não pudesse ser o rio apenas, o rio apenas...

mardi 31 mai 2016

Bolinho de chuva

Bolinho de chuva
de chuvisco,
de brisa,
um dia, quem diria?
na primeira mordida,
uma nuvem escondida,
pulou um pouco perdida
pela janela inventada
como quadro pendurada
do lado de fora da entrada

Bolinho de chuva
em choro, trovoada
[um pouco torrada]
seu sonho é ser curva
da razão meio avoada
ou bolinho de neblina
assada e divina
um dia, quem diria?
na segunda mordida,
a nuvem começou a funcionar
feito máquina de escrever antiga:
tac-tac-tac-tac-tá
as correntes de ar
[con]versavam sem parar
na linguagem dos ruídos

Bolinho chuvoso,
pela terceira vez, te mordo
gosto de nuvem a funcionar
estranho tac-tac-tac-tac-tá
a respingar gotas de faíscas
da feitura da chuva frita
quando um curto circuito e tanto,
de súbito e de afeto, risca
a palavra relâmpago em branco
no céu da boca que chovia,
uma memória azul brilha.













lundi 30 mai 2016

Descobri o título da nossa história.

Romântica

Essa tinta que fica e arde, pigmento permanente,
Feita da urina das vacas alimentadas das folhas de mangueiras
Feita das múmias egípcias embalsamadas com asfalto
Feita do resultado da luta entre um dragão e um elefante
[E que tem até relato no livro História  Natural de Plínio]
Feita de um pigmento sintetizado em laboratório cardíaco
Feita por um pequeno inseto que produz um vermelho carmim fugidio
Feita por pedra preciosa moída intensamente e purificada em processo complexo
[página 27 da Oficina de Pintura da Lourdes, conhece?]
Feita de naturezas líquidas diversas aos tecidos vegetais e animais
Feita em Alquimia nas cavernas antigas com pinturas rupestres
Feita dos polvos escondidos em corais das regiões abissais

Essa tinta nossa, meu amor, mesmo com carga cheia, não escreve mais.









Porta-retrato


As horas organizadas em casas
as casas organizadas em portas
as portas organizadas em números
os números organizando os seres
identidade, cpf, celular, por favor
os seres sem serem na fila do cinema 
o cinema com pipoqueira vermelha
descascada como se fosse verdadeira
náusea a vista ou em cinco parcelas?
No porta-retrato, essa imagem
história de três andares  sem ninguém:
tarde de domingo, à noite era sempre
nas casas com suas luzes bem acesas 
de contas de luz



jeudi 26 mai 2016

Amor degradê

Meu corpo, teu suporte
suporta como tela forte
o corte do desejo teu
sem norte
a me experienciar em breu
a primeira velatura se leu
pincelada aguada em véu
Em meu olhos, branco [quase] céu
Venda clara a riscar teu croqui
[Quem é você?]
[O que faz aqui?]

Outra pincelada a seguir meu rosto
teu rosa neve a [me] abrir camadas leves
[Você é meu sonho!], grave voz escreve,
na boca, a tinta breve, estranho gosto,
O desejo tece teu nome em minha pele.

Em véus, teu pincel meu desejo arranca
e inteira intensa vermelha me lança
Dripping com minhas cordas carmin
[Meu nome em tua pele!],o querer quer
de mim e desafia a canivete tua nuca,
o medo arranha, esfria o lustre azul nunca.
Nos lençóis, um tom preto o peito borra,
o teto desaba um pouco, a casa entorta,
teu véu [quase] céu em verniz pesa,
teu rosto some, o rosa neve sangra
teu nome ainda em minha tela seca,
meu vermelho craquela.

Não sei ser degradê.



mercredi 25 mai 2016

Biografia do outono - segunda memória


Segunda memória





Aula de aquarela
Profa Lourdes Barreto

aguada degradê - cor quente e fria - vermelho e violeta
com criação livre
25/05/16

lundi 23 mai 2016

Biografia do Outono - primeira memória

Biografia do Outono

Primeira memória

O tempo mudou, teu poema estremeceu o meu pensar, meus pelos deitaram sobre tuas palavras a experienciar direções fora da caixa, a torneira aberta me entornava quase toda, a torneira aberta sem cessar a me livrar do corte cego, do corte exato, do corte em seta para algum lugar. Teu poema foi girando em meu calcanhar, laranja em gomos, eu diria, minha nova forma de andar. Fui descascada a mão por teu olhar. Descascada a mão da casca oca, da casca imposta. Sopro sagrado a entrar pelo lado esquerdo da memória. O cordão umbilical com a vida verdadeira, um bambolê a equilibrar meu corpo sobre sonhos. Folha seca do mesmo tamanho seu, a castanha, a fila feito cobra de pano a crescer, a crescer e a gente na dança do encontro de nascer livre, vê?


[Não é raiz, são galhos. A raiz é interna, inteira, você mesma. Não é raiz, são galhos floridos, fortes em giros de síntese de luz. Não é raiz, são flores. Não é raiz, são frutos. A raiz é só sua, nua, brotar silencioso de existir.]

Uísque a dois

[Mas o amor não se quer... se quer?] O amor é que quer [Eu queria te amar, mas tive medo que me odiasse] Qual seria a diferença de uma imaginação e uma lembrança não compartilhada? Não quero que você se embriague o suficiente para deixar algo de fora das suas lembranças...[Algo de fora de minhas lembranças?] Gostaria de deixar muitas coisas de fora do meu conhecimento, mas nenhuma que abarque você. [Como são seus poemas? Abarque... palavra parece barco em barca, você não ouve minha risada] Nenhuma memória que te abarque que eu desejasse deixar fora de mim.  Eu queria te amar, mas tive medo que me odiasse. [Quando eu escrevo, o sentimento fica diferente, faz as malas e vai morar no papel. Mas o amor não se quer... se quer?] O amor é que quer. O amante não passa de um querido. [Algo de fora das minhas lembranças?] A imaginação só traz problemas para quem a imagina. Não posso falar em querer amar. Amar não é um querer. Seria o mesmo que eu dissesse que eu queria que chovesse...Não controlo a chuva, tampouco o amor. [Posso te morder hoje?] Pode, se prometer deixar suas marcas sobre minha pele. [Só que o amor precisa querer e isso a gente nunca sabe] A gente nunca sabe o que ele quer. [Acho que ninguém mais fala sobre o amor, só a gente e os personagens Alice e Ulisses do livro que queria achar. ]O importante é que o amor fala através de nós.[você me faz rir igual criança]apesar e para além de mim. [você está poético mesmo. Deveria beber todos os dias.]A gente nunca imagina o que o desejo quer de nós. A imaginação só traz problemas para quem a imagina.

mercredi 18 mai 2016

Na última vez que morri


Na última vez que morri,
semana passada,
afogada numa poça d'água
aguada de mar pelo medo
[o medo faz chover nas cores
as borra de às vezes, quase sempre.]

Mas, ao abrir os olhos,
na ponta do pincel,
conduzia a palavramar
antes a arrastar meu corpo

O pincel abria a bolha
d'água a clarear
manchas da palavra mar
a secar, a nascer poça

[como morri numa poça?]



Hoje, o dia estava chuvoso
Caminhei pelas ladeiras
com roupas que nunca uso
A estrangeira recém-nascida
me contou  um pensamento outro
E disse que era meu,
disse que era eu.
Ficamos nos olhando por um tempo.

Acho que a morte deforma [um pouco] nossos rostos.






A contadora de histórias

A contadora de histórias
[onde moram as palavras]


Aula de aquarela
Profa Lourdes Barreto

aguada uniforme -  fundo vermelho
com criação livre
18/05/16

mercredi 11 mai 2016

Meu assassino,


Meu assassino,

Secar flores em feridas
vingança minha:
ainda ser amor,
["ter bondade é ter coragem",
lembra?]

Secar flores em feridas,
vingança minha:
reparti-las contigo, meu assassino
eu mesma as pinto
pigmentos do Bem do mundo

Secar flores em feridas
no dia do meu renascer,
a dança dos pássaros
ensina o Amor,
outra vez,
[vê?]

E te desejo bem,
serás [verdadeiramente] feliz, meu assassino.

Esse jardim é para você
deitar num dia após o crime
o sangue derramado na gola da blusa,
o coração contido nos dedos,
o sorriso copiado de um filme,
as cordas do objeto manipulado suspensas,
a faca deitada ao lado [ como uma terceira perna]

Deitado no meu jardim
de cores borradas de sonho
você vai respirar fundo
a força das flores
o Bem te abrirá como num susto
a consciência se esparramará em mar...

Neste dia, descobrirá:
ninguém mais joga xadrez contigo,
 você, meu assassino, jogou sempre sozinho.




[Respire a força das flores,
outra vez,
outra vez,
outra vez]

lundi 9 mai 2016

Janela


[Aquarela inspirada no trabalho do artista Sean Lewis]


Janela
Aula de aquarela
Estudo de cores terrosas
Profa Lourdes Barreto
04/05/16

Nuvem em nascer


Nuvem em nascer

Aula de aquarela
Estudo de cores frias e quentes: azul e amarelo
Profa Lourdes Barreto
04/05/16

Bosque interior


Bosque interior
Aula de aquarela
Estudo de cores terrosas
Profa Lourdes Barreto
04/05/16

mercredi 27 avril 2016

Emília


Emília
Aula de aquarela
Profa Lourdes Barreto
Estudo de cores quentes: amarelo, vermelho e laranja
27/04/16

O banquete: meu coração

O banquete: meu coração
Aula de aquarela
Profa Lourdes Barreto
Estudo de cores primárias quentes e frias: vermelho e azul
27/04/16


vendredi 22 avril 2016

Navio fantasma


Navio fantasma
Aula de aquarela
Profa Lourdes Barreto
Estudo de cores primárias e complementares: vermelho e verde
20/04/16







[Não ficou bonita, mas eu quero guardar aqui como memória de um processo, de um percurso de experienciação da linguagem da aquarela!]



Os retirantes


Aula de Aquarela
Profa Lourdes Barreto
estudo de cores primárias e complementares: amarelo e violeta
20/04/16

mardi 19 avril 2016

Negativo

[O vento bagunçou nossos cabelos na memória do ainda agora, achei bonito e misturei com aquele seu casaco verde embolado no pescoço, num faz de conta de cachecol, fotografias sobrepostas]

Arquivista do Agora

Uma memória com cheiro de maçã
apenas tenho esse primeiro verso
daquela manhã ainda agora
do tempo simultâneo
pinto um quadro, arrisco um traço
Cantina, uma mesa, nós quatro
cafés, mates, maçãs e palavras
desenho no corpo com luz
tua camisa xadrez,
[meu sorriso se fez],
no plano de fundo, um filme
Viagem à lua, de Meliés
lançados ao espaço do lado de fora
[no pensar]
a experiência do ouvir: "O Mundo diz"
a linguagem começa
o não dizível iluminado em amarelo claro
como uma fruta que se pode morder com voracidade
[e se lambuzar]
sem pressa repito "penso com os pés"
e o espaço se alumia, mas não existe espaço
o ser da linguagem e o ser da luz dançam no ar
Arquivista do agora, escrevo essa memória
em técnica mista: visível sobre cheiros



dimanche 3 avril 2016

Bloco de notas: cativeiro

Tarde de domingo, me desfiz água, desapareci entre o ladrilho e o ralo pequeno que há sobre o porvir. Tarde de domingo, me desfiz  pássaros e da asa azuluz confundi-me com
uma palavra em que você não caiba inteiro[dobra a asa]. Tarde de domingo,  me desfiz cativeiro, cara inchada,  rosto ressaca, a placa "sem saída" levantada sobre minha boca, vírgula.
Tua mão acariciava as palavras se soltando de meu corpo, catava com dedos verbos não conjugados, imperfeitos, soltavam-se como escamas. Em preto e branco, a placa crescia incisiva, inflamação de destino garganta a dentro: sem saída.

mercredi 30 mars 2016

Aviões de papel: solo para lugares comuns

Aviões de papel
arranham o céu
com palavras
a tinta nem sempre visível:
a pergunta mais importante
a pergunta mais importante
levam, contrabandistas

[De onde viriam?
Pra onde iriam?
Frágeis aviões]

Me olham [do papel]
as palavras dobradas:
a pergunta da vida
verdadeira

Tarde de março
corro em disparato
em fuga derrapo
tropeço na pergunta
sacudida no papel


Tomo um avião na mão
O barulho aumenta
[Teria também coração?]

Um filme lembra de mim
era a mesma cena
a mesma chuva
sem chuva

Procuro a câmera lenta
[Se pode me ouvir, dê um sinal]
As árvores altas ventam
Os olhos enchem d´água
Um orvalho se arrisca e rápido pinga
[Seria a coincidência da minha vida?]

Aperto o papel perto do peito
Amasso as palavras das asas
O coração dele descompassa
o silêncio em círculo cavalga

Desdobro ávida
o papel
[desfaço o avião]
a expectativa sonhada
o silêncio aumenta:
era a mesma cena
a mesma chuva
sem chuva

sem palavras
sem perguntas
sem coincidências
[Eu sei, ilusão apenas]

Em preto e branco,
a Imaginação
outra vez, só,
rebobina a cena







*
(penúltimo dia de março, 2016)




dimanche 27 mars 2016

Dama de Copas ou imóvel no meu nascer em sol

Presa
da torre
aquela estranha imagem volta
tua voz alta alta
histérica
como uma nebulosa  pra cima do meu corpo
tomas a palavra "livre" [ligeiramente inclinada sobre meu pescoço]
como um grão que tenta brotar
os olhos pesam
[até quando vou aguentar?]
o hospício diário agita outra vez
árvore genealógica:
poderá um ramo não apodrecer?
[poderá?]

Mais um tijolo ajuntas
a torre aumenta
Tu, a  Dama de Copas, me olhas do alto
"às suas ordens",  esperas que diga.
E tua voz toma meus cabelos:
o corte curto!
[Contenção, não se expandas, a dose medida]
Tua voz amarra meus braços
imóvel no meu nascer em sol
imóvel no meu nascer em sol
[mas és capaz de romper a luz?]

Cai o pano preto sobre a cena.
A Dama muda de face
Aristab

[Confinada
a vida estancada
a parte secreta da seiva
apodrecida
o cheiro entorpece
envenena
adoece ao redor
a raiz seca
o incêndio alcança
as margens em volta]

No cenário tarja preta:
resto-me,
último fruto
[mas és capaz de romper a luz?]


[ alguns cometas perdidos em desenhos antigos]

lundi 21 mars 2016

Dobrar-se


Fazendo hora
Fazenda em dobra
transa a mão
a linha grossa:
memória











(Uma dobra perdida - esboço de março 2013)