mercredi 13 avril 2011

Barbatana

* inspirado no conto Minsk de Graciliano Ramos




Barbatana

Eu tenho um peixe de escamas de Sol e com barbatanas que brilham como se fosse elétrico. Barbatana, nome comprido como ele, é espichado- espichado, parece até pôr do sol deitado em cima da tarde, mas é duro, de plástico laranja e uns olhos esbugalhados que nunca deram medo e, um dia, juro, já até vi piscar! Meu peixe de sol não nada, só desliza em pequenas rodinhas pela rua, pedindo areia de mar. Onde Barbatana passa, se juntam bichos de todo o mundo, até de filmes, foi assim que dançamos com os pingüins da moça que voa com um guarda-chuva. Numa cordinha, arrasto barbatana , parece sempre que vai se soltar,então, conversei com a corda para que não desistisse de ser corda logo no agora que Barbatana estava comigo! Ela, meio contrariada, entendeu, também amava Barbatana, e o segurou o mais firme possível. Barbatana,sempre insistia o mesmo pedido, queria ir à praia, e no lá onde a areia e a água se espalham, nadar. Assim, eu o levava, até que num confuso quando, me perdi dele. Descobri Barbatana na multidão de crianças que abraçavam meu peixe e, com ele, corriam para o mar. Minhas pernas empurraram o medo, seguindo Barbatana, ao fundo, me joguei no tom laranja que iluminava o oceano. As crianças surdas do meu desespero, arrastavam meu peixe no longe, precisava dele, as escamas de Sol, meus pés afundavam moles na água, talvez, o fundo tivesse sumido no espanto do nunca mais. Debaixo d’água, abri os olhos, flutuava em escamas, a luz derretida no azul, azul ... palavra que me abraçou toda, nos seus braços que pareciam mais cadeira de balanço da vovó, com o azul me apertando, apertando... De repente, a espera me arrancou daquela cor, desembolando os fios de tinta e à superfície d’água me entregou. Acordei sob uma jangada de escama- laranja , pôr do sol deitado na tarde que, ao anoitecer, desgrudado do horizonte, se soltou ao ar, assim, Barbatana asas de escamas, espichadas-espichadas, ao voar, se estendeu sobre o mundo, abraço de sonho.


Nas palavras Juliana Gelmini
coautor: Barbatana

4 commentaires:

  1. suas palavras me abraçaram todo. descobri o corpo de um sonho boiando na delicadeza dessas linhas, vou deixar boiando tá ;)

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  2. p.s a palavra "corpo" e "boiando", sempre nos remetem a coisas pesadas né? agora li e vi que poderia remeter a isso aqui também, mas não foi nesse sentido em que as escrevi. o corpo encontrou como a concretização de um sonho e boiando a leveza desse sonho. mas acredito que tinha entendido né? (na verdade foi só uma desculpa minha pra deixar mais algumas palavras aqui rs)

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  3. rs entendi sim, Geraldo!! o ritmo do "boiando" é de um coração para o outro,leve ou pesado, é sonho.

    "Sonhos
    sonhos
    sonhos
    sonhos
    vou morrer de sonhos"
    Diário da Frida Kahlo

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  4. que foto linda essa desse post ^_^

    na verdade esse blog inteiro é lindo d+ :D

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