vendredi 25 décembre 2015

Anexo 2

Querido R,
enfeitei a árvore de natal como você pediu, deixei uma estrela cadente na ponta, daquela que desiste de cair e faz de conta que é concha no fundo do mar. Seu cartão chegou pela manhã, num envelope amassado de vermelho, tremia um pouco olhando assim pelo sol do meio dia na caixinha de correio. Pisquei algumas vezes para ser certeza, o barulho do rasgo, carta aberta no meu corpo. Fiquei ouvindo sua voz enquanto lia, mesmerizada. Achei bonito como você tosse entre os períodos que começam com letras minúsculas e quando sussurra a palavra cabum, logo cabum que parece feita para explodir. Dei aquela minha gargalhada alta, você pode ouvir? Enfeitei com as suas palavras as janelas, cortinas e a mesa, adocicando algumas frutas prestes a mofar. Hoje à tarde, pintei um anjo com nuveasas, coloquei teu retrato para secar, enquanto seu pedido me rodagiganteava.
Quando você vai voltar?
J.

5 commentaires:

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  3. Querida J,

    essa manhã corri atrás do meu coração, saltitante pela casa, porque percebi que ainda existe alguém com tanta poesia lá fora. mas, pare. minhas cartas são vermelhas e verdes. mesmo. não existe verde e vermelho na internet, a poesia tem que estar nos dedos, tem que estar na pele. é assim que eu vivo. eu fiz sim uma carta verde e vermelha para você. vou deixá-la no colo do Noel Rosa, atendido pelo garçom na mesa de um bar, perto da Uerj, amanhã no 26, às 16 horas. faço assim porque acho que nada se compara à tinta no papel.

    Espero que você goste.

    ah, e outra coisa. eu sempre vou voltar, porque você vale a pena (com que escreve).

    R.

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  4. Querida J.

    Aprendi a tocar uma música para você (https://youtu.be/2aWro1q77k0)

    essa é a minha terceira carta, a segunda ainda está no colo do Noel, acho. adoro esse calor por escrever que sinto. ele precisa ser perfeito, precisa ser pra sempre, precisa ser imenso. eu também aceito defeitos de várias espécies. você pode ser loira, morena, feia como Sócrates ou bela como Protágoras. preciso ligar todos os dias, morrendo de saudades. preciso enviar rosas para o meu grande amor, que está lá fora, eu sei. lendo cartas invisíveis e enfeitando a casa com palavras e fotos que ainda não foram tiradas.

    preciso dessa doença, dessa angústia no peito, de alguém que goste de ler, já que a cada dez minutos tenho uma ideia para uma nova carta e tanta coisa no peito querendo ser palavra. preciso de música, J., preciso de muita música de todos os tipos. preciso de um chapéu, barba mal feita e te ver dançar para achar que Deus pensa que sou a pessoa mais importante de toda a Criação, já que me deu você.

    preciso sair gritando, dizendo que estou completo, que esperei a vida toda por alguém como você. preciso de letras duras, de palavras doces, porque eu queimo os braços com óleo quente na cozinha e olho para o lado, imaginando que você vem correndo me beijar, com dó no coração. Já estamos juntos há tanto tempo, J., você mesma me escreveu sem saber o meu nome.

    você precisa também. de verdade, de ações, das pequenas coisas que devem ser valorizadas, sem preguiça, sem cansar. dos valores que carregamos no peito, da lei moral que obedecemos, escrita na mesma pedra, pelo mesmo filósofo alemão. você também sempre precisou de alguém que entenda o valor de uma pessoa suja, que não tem o que comer. que seja movida pela compaixão e não se entenda fraco ou superior. você, como eu, precisa de um amor de verdade. alguém que te ame por motivo nenhum. que não seja pragmático, não seja erótico, não seja amizade, mas que seja a mais pura ágape, incondicional e com sacrifício, sem esperar nada em troca.

    ontem pensei: como ela é? preciso saber. fui ao YouTube e coloquei seu nome. vi você com seus alunos recitando uma poesia. ouvi a poesia, chorei um pouco, (afinal, o texto é lindo) desliguei o computador e comecei a escrever a sua carta verde e vermelha.

    agora espero que você nunca leia, que ela esteja segura nas mãos de um menor abandonado, que vai roubar essas palavras para conquistar sua amada e finalmente conseguir o beijo por que tanto esperou, ou de um morador de rua bom apreciador de cartas de amor. espero que meu retrato nunca seque, como as lágrimas que nunca secam de Geovane Moraes. espero que bastantes dias sejam como este: perfeito e tranquilo. peço desculpas por tanto escrever, mas não consigo parar.

    a essa altura, já não sei onde estou, não vejo mais a estação. nem quero. há tantos lugares para conhecer e eu adoro viajar. não é o objetivo, mas a jornada que me fascina. como já imaginava que essa carta vermelha não chegaria ao destino certo, comprei dois envelopes, mas o segundo vai esperar por você, pois apesar de gostar de escrever cartas que serão lidas por pessoas que nunca conhecerei, também gosto de escrever para você.

    Com carinho,

    R.

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  5. Querida J,

    e você? quando vai voltar?

    Com carinho,

    R.

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