dimanche 29 janvier 2012

O encontro

Sentada na pequena mesa da rua de Botafogo, a ansiedade me invade. De repente, me acomete que ela também poderia estar. Em meio a tantas pernas, seus passos estalariam no chão, seu cheiro se enrolaria em meus fios numa dança secreta apenas visível para nós duas. Poderia ser aquela senhora mais ao longe, com seus tons alaranjados de quem é etérea e toca na plenitude da alma do ser,não, não era ela. E se fosse, reconheceria meus olhos presos neste corpo que agora parece-me outro apesar de todos o apontarem como meu? Conseguiria salvar, em meio a tantas linhas que se delinearam outras, o modo como respiro e como meu coração plana? Ela sabe o modo como meu coração plana: nos mesmos acordes que os seus, como uma música oculta do mundo externo que apenas sob a camada do nosso amor se tornava linguagem compreensível. Eu sei o que meu silêncio lê, o meu silêncio lê o seu amor, vó. E um entregar-se ao teu colo até adormecermos assim no sonho uma da outra, conscientes de pertencermos ao mesmo mundo.



                                                                             Para minha avó.
                                                                             (janeiro de 2009)

1 commentaire: