samedi 4 février 2012

como escapar?


Beatriz, dez anos, nas férias de janeiro, passa uns dias com sua avó, senhora enfeitada da espera da neta. Hoje à tarde, Beatriz arrumou suas malas, algumas roupas, dois ou três vaga-lumes para a vó, nem dormiu, mas não era ansiedade, os gritos foram arracando-lhe os lençóis, como vultos a tocarem seu corpo, os vultos misturados de palavras vindas do corredor. Beatriz correu, precisava se esconder, fechou os olhos,então, lá, no abismo, deu suas mãos, não saberia dizer a quem, abriu os olhos e voltou à cena, suas roupas estavam espalhadas pelo chão do corredor, em câmera lenta viu sua mãe, o que será que está acontecendo? Por que minhas roupas ao chão? Por que minha mala aberta? Porque minha avó em cada canto da casa? Caiu, o burraco do sonho repetido, queda livre, azul, azul, dentro da sua dor, aumentava,então, o tom da voz dela, por que, mãe, o grito? a mala aberta? as palavras atiradas?
as roupas sentadas em fileiras, me olhavam:
-Menina, por que o choro?- me disseram em coro e tudo rodou.
Da boca da minha mãe o sangue ainda se espalhava pelos móveis, as palavras abertas estiradas invandindo-me,
como escapar? como escapar?




Radiohead - Exit music

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