dimanche 9 août 2015

A louca dos giros

A louca dos giros

A Ilusão é uma andrógina rosa azul:
miraculosa, incólume aorta do eterno ainda 
de olhinhos opacos de vidro sem brilhos e míopes,
andar inquietante, em círculos, a girar no mesmo lugar da Espera,
no pátio dos afobados, todos os dias, de mãos suadas,
cigarro em fumaça a desenhar no ar um incompreensível tarot.
Ela, tantas vezes cigana, estava vestida elegante como se fosse a festa no hospício. E um sonhador diz:
- Olha, outra vez, a ilusão em giros, sem ficar tonta, sem envelhecer! - E corre para com ela se deitar.
A louca dá uma gargalhada alta, mas nada se mexe, então, risca um fósforo verde  e ateia  fogo em si! Ah, o súbito incêndio das vontades esquecidas ardem em seu corpo silenciado na fogueira ensandecida de Talvez.
E o sonhador se lança também no incêndio como se fosse Ícaro, mas sempre é tarde demais. Na cera derretida de suas asas, a mesma mensagem da "louca dos giros" repara:
-  Amanhã, meio-dia, no pátio dos afobados, como se fosse festa no hospício, novamente, estarei. Você vem?

(esboço, 2013)

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