lundi 17 août 2015

O Velho e o Mar

O Velho e o Mar

Porto:
Santiago acena.
No pequeno barco,
brilha meu maior sonho
enxugo os olhos com sal
e o brilho aumenta
Parto ao meu parto,
Na ausência de Manolin,
candidato-me!

Barco:
À noite, as estrelas no mar
desenham meu sonho entre
a linha, o anzol e a isca.
A Espera na proa do barco,
de cabelos bagunçados,
boceja calma e sopra outra
sombra na água, a expectativa.
A linha treme, o barco balança,
o Nada nada, outra vez.

Amanhece, os remos cortam
túnel de nuvens em esperança
a linha e o anzol dançam no azul
profundo como a fome do Velho,
Sardinhas cruas apenas nos restam,
mas ainda sem limão ou sal!
Na mão esquerda,  o Velho com a linha
 presa nos dois dedos, nenhum peso
E o vento sopra com suavidade.
A linha treme, o barco balança,
o Nada nada, outra vez.

Hoje à tarde, arrumamos os remos,
"não precisamos matar as estrelas, ainda bem!",
o Velho  disse e a noite agitou o barco,o esperado momento!
Na linha, um puxão se fez ligeiro, um esticão violento,
"Vamos!'- bradou  o Velho - "Coma a isca, meu peixe!",
E a linha correu pelos dedos, sangrando-os, sangrando-os.
O anzol treme,o azul dança, o barco balança,
"Meu Deus, o enorme peixe!", pela primeira vez,
tão grande, muito maior que o barco,
Do tamanho exato do sonho de Santiago!

Sangra o Sonho:
Um pássaro pousa na linha, treme um pouco e voa,
"A Sorte  foi ser Vento longe de nós!", o Velho entoa.
E o peixe nos arranca mar adentro, mar aberto, mar a ermo,
Mas a linha não se rompia, nem o peixe, a fome ou anzol.
O barco girou, assim, oitenta e quatro dias, forte e cansado,
até a coragem com seu arpão faminto rasgar do peixe, o coração! 
Boiava o corpo imenso de escamas cinzas, num rastro vermelho e azul.
 Junto ao barco,amarrei as cordas pelo corpo do peixe silencioso.
"Conseguimos, Santiago!", disse sem falar, ele olhava rumo ao mar.


Entre azuis, fomos seguindo, rumo à costa invisível.
 Logo no início, na trilha do sangue, já surgiram: tubarões!
Os primeiros, matamos a facadas e arpões,
Mas, à meia noite, o cansaço entornou pra dentro do barco,
"Santiago, não há mais facas! Não há mais arpões!",
entre o mar agitado, voltaram vários tubarões!
Olhos amarelados frios a devorar tão rápido a carne do Sonho,
numa bocada só, estilhaçada entre os dentes brancos,
"Do imenso Mar, só nos restou a espinha.", o Velho respira.


Cais:
Avisto o cais, o barco pousado, a sombra do Sonho descansa.
Na areia, afundamos ou andamos com as velas nas costas.
Manolin surge, chora ao olhar a espinha presa no barco.
"É inacreditável!", diz, "Esse é o maior peixe que já se viu!".
De volta à casa, eu e Santiago, entre jornais como almofadas,
adormecemos lado a lado, partidos e secos, sonhamos com leões.






 Escrita inspirada na experiência de leitura do livro O Velho e o Mar, de Hemingway!É, essa história me tocou...


Fotografia de 2012, mas esse texto pede  uma aquarela... quem sabe?





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