jeudi 13 novembre 2014

Para Manoel, Manoel de Barros

Para Manoel, Manoel de Barros

Encontrei uma borracha em abandono no chão azul.
Ela me contou que fazia de conta que era pedra no fundo do mar.
Vi Manoel de Barros no meu olhar.

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Como crescer pra passarinho agora?
Como descobrir o sonho do silêncio?
 Como guardar peixes no bolso?
 Como carregar água na peneira?
se ele não está
se ele não mais está

Como descobrir meu olhar fontana?
Como o inseto ser maior que o sol?
Como passear de rio inventado?
Como voar fora da asa?
Se ele não está
se ele não mais está

Sim, as pedrinhas do meu quintal serão sempre maiores
que as do mundo,
 justamente pelo afeto.

Sim, é preciso transver o mundo!
puxar o alarme do silêncio!
ver noiva camponesa voar como em Chagall!

Sim, você me faz sonhar, Manoel,
sim, as palavras sonham,
sei que  o nome empobrece a imagem, como você me ensinou.

Mas há uma palavra deitada por dentro do meu olho agora
ela te olha como quem quisesse contar
um tom de nuveflor, mas a flor de espinho,
a abandonada.
ela te olha como quem quisesse dizer da infância da formiga,
da água no coração delas...
catar os desperdícios todos para te entregar por esperança
sim, a esperança
de te convencer a ficar...mais um pouco...

Essa palavra aprendiz de girassol
é feita de uma forma que parece amor, mas  não é
 é maior.
Te abraça, agora, silêncio.

(De: Juliana)



A cineasta (e confidente literária rs) Ana gravou a declamação desse poema na turma 205, levo comigo essa memória enfeitada de afeto!
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