samedi 25 juillet 2015

Mãos dadas

              Pisei em um gramado de um pátio enorme, orvalhado da chuva incessante. Algumas gotas ainda pingavam das folhas das árvores. Havia várias meninas de vestidos brancos esvoaçantes amarelados pelo tempo, pareciam zumbis que esqueceram o porquê estavam ali, mas eu sabia. Na nossa frente, havia uma casa velha e enorme com uma porta de madeira antiga e uma campainha quebrada. Aquele lugar não me era estranho, parecia memória de infância que volta como se fosse filme. Ficamos parados em frente à porta pesada de medo, eu e um grupo de pessoas, enquanto as meninas zumbis ao redor esvoaçavam o amarelado de seus vestidos. Elas eram aquelas que não tiveram a coragem de enfrentar a prova, de entrar na tal casa assombrada. Era uma espécie de casa da provação, algo me dizia, algo daquela memória antiga, eu já havia estado ali. De repente, a Laís e uma outra menina entraram pela porta estranha e ouvimos um grunhido forte, a casa tremeu! Grudamos todos nos vidros das janelas fechadas, o vidro embaçava entre o frio e as cortinas do lado de dentro, eram finas de brancas, pareciam cortinas de nuvens, mas imóveis como nós. E o barulho do grunhido aumentou, elas tinham acordado um bicho!

            Pela janela, vi um rabo escamado enorme mergulhando em  águas, era um gigante crocodilo! Meu olhar mergulhou junto com ele naquela sala de águas, parecia uma lagoa grande e escura. E sala tem lagoa? Ainda olhando de relance pela janela embaçada, avistei Laís e a menina respingadas de água, como estátuas grudadas à porta, só que do lado de dentro da casa.  Elas tinham acordado a tal criatura escamada que mergulhava e vociferava profecias na língua dos monstros marinhos. Meu olhar tremido desviou para a esquerda daquela sala do crocodilo gigante, lá, tinha uma escada também enorme, feita de mármore e  cheia de girosgirosgiros, os degraus suspensos no ar... era por esse o caminho que teríamos que passar! Laís e a menina rápidasrápidas voltaram pro outro lado da porta, onde estávamos, o lado do pátio, nada temiam e avisaram ao grupo sobre o que enfrentaríamos. Não sei direito o que falaram, pois lembrava da última vez que eu estivera ali naquela casa das provas e quase morri com aquele mesmo monstro crocodilo. Mas não tive tempo de desistir, pois todos subitamente se moveram para entrar na casa e a Ju Mar segurou minhas mãos as dela e me puxou muito forte. Sem pensar,  entramos na sala das águas bizarras.

           Minha visão embaçou, a Ju ia me puxando rápidarápida pelos degraus de mármore suspensos no ar,eu nada via, parecia neblina, o que acontecia? Ouvi o bicho gigante irado mergulhar na lagoa da sala, senti a água e sua baba espirrar em meu corpo. Fomos correndo subindossubindossubindo os degraus sem olharmos para trás, entre os respingos, medos, escamas e altos grunhidos, ofegantesofegantes até o outro andar, livres da  primeira prova.

         No segundo andar, muitas pessoas seguiam em desespero por uma direção à esquerda que dava numa porta aberta para entrar no terraço. Mas a Ju me puxou por um outro caminho alternativo que apenas nós seguimos. Eu tentei mostrar que talvez o outro fosse mais seguro, mas a Ju pisava em certezas de que era à direita nosso destino. Tudo em volta parecia correr, mas, na verdade, éramos nós que corríamos, apesar de todos os caminhos serem curtos, rodeando o terraço. A casa encolhera de repente? Não conseguia parar de correr mais, passamos direto pela primeira entrada daquele caminho, uma porta que estava fechada, mas não trancada. Só que sem conseguirmos frear nossos passos, continuamos seguindo, dobrando à próxima quina, crash! Meu Deus, o que foi isso? Caímos? Tropeçamos em um outro bicho esquisito? Levantamos rápido tentando retomar a consciência quando  senti um focinho gelado entre as minhas pernas! Saímos correndo dali como que por instinto! Desta vez, eu puxando a Ju com minhas mãos fortes dadas as dela, voltando para altura daquela primeira porta ainda fechada, mas não trancada. Afobada e com as mãos suadas, consegui abrir a porta, mas mais parecia que ela tinha se aberto pra mim.
   
       Ainda ofegantes, ficamos segurando a porta do lado de dentro com o peso dos nossos corpos. Eu segurava a maçaneta  que a todo tempo parecia que ia se quebrar, pois o tal bicho estranho, meio coelho gigante do tamanho de um Pastor alemão, forçava a entrada de qualquer forma dando cabeçadas intensas naquela porta. Tentávamos com todas as forças bloquear aquela entrada, enquanto chegavam mais pessoas naquele terraço onde estávamos, mas vindas do caminho mais óbvio e fácil. Mais pessoas, mais pessoas, parecia campo de concentração, achei que ia sufocar! E o coelho bizarro insistia com as cabeçadas na porta que segurávamos com toda força possível até que me apiedei da criatura. E se fosse realmente inofensivo? Por que um coelho grande nos faria mal?
       
          Decidi abrir a porta. Ele entrou tremendo muito, parecia chorar. Acolhi o bicho entre meus pés, fazendo-lhe carinhos para acalmá-lo. Percebi que não era um coelho, mas um burro. E que não era um burro, mas um menino encantado como burro por não ter passado na prova do crocodilo. "Tadinho", pensei. Aquela criatura era um de nós... o que fazer? Haveria a Feiticeira Circe por ali também?  Entre pensamentos, acarinhava  as orelhas daquele burro-menino, enquanto mais pessoas lotavam o terraço. Fiquei pensando numa solução, qual solução?O que fazer? O que fazer?



Sonho do dia 25/07/15

Aucun commentaire:

Enregistrer un commentaire