mardi 23 juin 2015

23 de junho

23 de junho

Há um tigre sem listras a me espreitar, seus bigodes escrevem sonhos que não quero sonhar, passeiam pelo meu corpo devagar, como se soubessem que fujo de algum lugar, há um tigre sem listras a me espreitar e suas garras prendem meu pensar, às vezes, me rasgam, às vezes, arrepiam, depende da doçura ou do súbito desvario, há um tigre que uiva em minhas cordas um nome que não posso lembrar, mas ele me rodeia, um eco em festa por conseguir outra vez com o vento soprar, há um tigre sentado em meu coração e dorme mansamente como se não soubesse que pesa e desconcerta meus vermelhos, há um tigre sem listras que ronda meu corpo, há um tigre sem listras que ronda minha mente, há um tigre sem listras que repete teu nome, há um tigre sentado em meu coração, há um tigre que me arranha, sopra e morde, esse tigre que, aos poucos, em seu rondo silencioso para os outros anuncia a minha morte. Há um tigre que me toma em seus pelos e me ergue sem jeito para que eu possa ventar, selvagem, há um tigre que me deita no escuro, há um tigre que me deita no escuro sem que eu precise meus olhos fechar, há um tigre que me diz que as cores guardam segredos, há um tigre deitado em meu coração e dorme mansamente sem perceber que pesa e desconcerta meus vermelhos...

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